Encontro Xingu+

Diversidade socioambiental no coração do Brasil

A rede Xingu+ é uma articulação da sociedade civil cujos antecedentes remontam a movimentos de resistência contra o barramento do rio Xingu durante o encontro dos povos da floresta de Altamira em 1989, e posteriormente com o processo de organização social de indígenas e ribeirinhos que culminou na criação de associações, movimentos e todo tipo de organizações que voltaram a se reunir no encontro de Altamira de 2008, e que desde então vêm fortalecendo seus vínculos de conexão e identidade, até que em outubro de 2013, quando foi realizado o 1º grande encontro do Xingu+, explicitou-se a vontade destes atores de firmar uma aliança em defesa do rio e os direitos de seus povos.

O 2º encontro aconteceu em outubro de 2015, e teve seu foco principal no reconhecimento dos diferentes atores que estão no território do Xingu, com uma atenção especial para a troca de experiências entre indígenas e ribeirinhos sobre a gestão de seus territórios, e a promoção de iniciativas econômicas sustentáveis a partir da manutenção da floresta em pé.

Entre os principais encaminhamentos do segundo encontro foi definida a periodicidade do evento e a necessidade de criação de ferramentas de comunicação mais ágeis e permanentes que mantenham os povos do Xingu informados e conectados entre si. Desse encaminhamento surgiu a elaboração desta plataforma e do observatório De Olho no Xingu.

No 3º encontro, realizado em Brasília durante outubro de 2017, foi feito o lançamento da plataforma colaborativa e iniciada a fase de uso e apropriação de suas ferramentas como o observatório DE OLHO NO XINGU, entre outros instrumentos de comunicação e compartilhamento de informações internas e externas da aliança. Neste último encontro participaram representantes do MPF, Funai, Icmbio, MMA, ANA e Ibama.

Entre os principais encaminhamentos foi reiterada a importância da rede e a necessidade de seu fortalecimento na defesa do Corredor Xingu e os direitos de seus povos. Para mais informações, assista ao vídeo do 3º Encontro Xingu + e acesse os documentos encaminhados no encontro:

Relatoria Gráfica;

Monitoramento de Pressões e Ameaças;

Carta Encontro Xingu +;

2019 marca um momento decisivo para as populações tradicionais do Xingu e de todo o Brasil. Grilagem de terras, invasões, roubo de madeira, grandes obras de infraestrutura e pressão da fronteira agrícola provocaram uma explosão da taxa de desmatamento, colocando em risco o território e os povos que ali vivem. Só neste ano, já foram colocados abaixo mais de 114 mil hectares de floresta. O desmonte sofrido pelos órgãos de fiscalização do governo, como Ibama e ICMBio, contribui para a fragilização das políticas de combate às atividades ilegais. Ao longo do tempo, o Corredor Xingu de Diversidade Socioambiental, formado por Unidades de Conservação e Terras Indígenas, tem se consolidado como um escudo contra a devastação. Apesar disso, o território já perdeu mais de um milhão de hectares nos últimos dez anos.
“O rio Xingu é muito grande mas, para tantas ameaças, pode se tornar pequeno”, alerta Yakuna Ikpeng, professor da aldeia Arayo, Território Indígena do Xingu.

Diante desse cenário de preocupações e ameaças, o 4º Encontro da Rede Xingu+ ocorreu entre os dias 21 e 23 de agosto na aldeia Kubenkokre, Terra Indígena Menkragnoti (PA), coração do Xingu. Além dos desafios enfrentados pelos povos da floresta, foram compartilhadas experiências bem sucedidas de atividades produtivas que geram renda para essas populações, mantendo seus modos de vida e preservando a mata em pé. Castanha, borracha, babaçu, copaíba, pimenta, mel, pequi, sementes, artesanato, entre outros, têm contribuído para a articulação política dessas populações e são uma importante alternativa às atividades ilegais: “Produzimos e comercializamos alimentos orgânicos, podemos colocar no mercado e valorizar a saúde de quem está comprando, além da nossa floresta”, atenta Winti Khĩsêtjê.

Durante os três dias do encontro, povos que antes eram inimigos históricos discutiram estratégias para enfrentar os ataques aos seus direitos e firmaram uma aliança em defesa da floresta, deixando o passado para trás. O encontro reuniu 130 lideranças de 14 povos indígenas e populações ribeirinhas. “Está na hora de mostrar que acabou essa divisão entre os indígenas e comunidades tradicionais. Somos diferentes, mas há uma semelhança muito grande: vivemos da floresta de uma forma sustentável. Na hora de defender o Xingu, vamos todos juntos”, afirmou o ribeirinho Denilson Machado da Silva, da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio

A aliança resultou em um manifesto que pode ser acessado aqui. Confira também o vídeo produzido durante o 4º Encontro da Rede Xingu+.
Na linha de frente, os povos do Xingu afirmam:

“Nunca vamos deixar de ser os povos do Xingu, nunca vamos abandonar as nossas terras, queremos deixá-las para nossos filhos e netos. O Xingu é um só”

"Somos maioria na defesa de nossos territórios!"

Em contexto pandêmico, e com um ano de atraso, o 5º Encontro da Rede Xingu+ aconteceu entre 9 e 14 de maio de 2022. Indígenas e ribeirinhos de todo Xingu foram recebidos no lar do povo Khisedje, na aldeia Khikatxi, Terra Indígena Wawi no Território Indígena do Xingu. 

Foi um momento de escutar lideranças de 25 povos indígenas e Comunidades Tradicionais, realinhar as prioridades e reforçar a união pela defesa da floresta em toda a Bacia do Xingu. Oito organizações se juntaram à luta da Rede Xingu+, que se expande em um momento crucial de ataques aos direitos dos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais. Também foi um espaço de troca entre os mais velhos e a juventude, onde lideranças mais antigas apresentaram ao coletivo as mais novas e mostraram que a luta seguirá viva e ativa. Ao final do encontro, foi escrita conjuntamente uma carta-manifesto sobre os principais pontos abordados no encontro e sobre as principais definições da rede.

Leia a carta na íntegra clicando aqui.